segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Perdoe me os santos, mas um porre é fundamental

Por Sônia Pugas - Jornalista 

Seria apenas um dia agradável, com pessoas que supostamente por algum motivo tinham afinidades incomuns, ou perto disso. A Louca nunca bebe, tem aversão a bebidas alcoólicas, embora praticamente todos os fins de tarde toma um bom copo de vinho.
Os amigos têm um fascínio pelo temperamento esdrúxulo dela. Não é bipolar, fato. Mas a personalidade é forte. Às vezes gosta de gente por perto, outras não. Irrita-se facilmente. Se acha imbecil, generosa, bondosa de coração e arredia em terrenos alheios. É arrogante quando a situação requer. É tímida, embora não pareça. Já me disse que o seu espírito é livre! Está ai, liberdade de espírito é para poucos!
 Fui apresentada à Louca por amigos de amigos. Véspera de feriado,  reunimo-nos na casa dela. Aparentemente encontrava-se num dia bom. Tranquila, serena ao redor de gente bacana - gosta das pessoas em sua residência, embora não seja uma boa anfitriã, dessas tradicionais. Ao todo sete pessoas, quatro homens e três mulheres. Eu, uma delas. 
Google imagem meramente ilustrativa
Percebo que um dos convidados é uma reencarnação “superior” na terra de deus. Ar discreto, conversa diferente. Aparentemente possuidor de uma intelectualidade qualquer.
No outro ponto, percebi que a anfitriã bebia lentamente o seu vinho. Inclusive notei que antes da embriaguez dela – um porre que ficará na história da vida dela,  alguns dos convivas tinham derramado vinho no chão, nas roupas e até na toalha da mesa antes mesmo do jantar estar servido. Como não tem costume em beber, não percebera o seu próprio nível alcoólico, lógico. O tal beber e bloquear a passagem de oxigênio para o cérebro, é verdade!  Quem bebe é impossibilitao de ver aquela linha que separa os limites, o bom senso. A louca bebeu muito, e deu vexame!
Acordou dez horas depois com lapsos de amnesia. Só tinha certeza de algo: o porre foi de lascar. Sem noção do que tinha acontecido, sentiu-se péssima, horrenda, chateada consigo mesma, com vergonha, uma estúpida, um lixo. Todos os convidados da festa recebeu um email dela se desculpando. Com exceção do aparelho celular  que arremeçou no ar, tudo era uma icógnita, para o desespero dela. Me disse brevemente que um ódio latente às vezes ressurgia como um vulcão adormecido - causado principalmente por algumas mortes de parentes próximos.
O “superior” saiu da casa perturbado e magoado sem entender o  “que se passa?”, pela falta de educação da anfitriã -  informaram-na que o tinha entregue à Judas na noite anterior. O convidado recebeu a descarga elétrica da raiva acumulada. Seguramente deus nunca mais  se colocará em um caldeirão mix...
Um baita problema foi instalado, e pior do que criá-lo, é não lembrar quando o mesmo iniciou, e não ter consciência até que ponto o problema é um problema para o outro. Um e-mail diferenciado com um real pedido de sorry chegara até ele. Mas o destinatário, ao que tudo indica não falará mais sobre o assunto nem para dizer-lhe um “vai a merda idiota”, ou “esqueça o que me fez”.  
Ignorá-la e odiá-la por um bom tempo devem ser o consolo do próprio orgulho ferido,  ou da falta de capacidade em entender quem é ou age diferente de nós.  Lembrei-me de algo que li dias desses: “O primeiro a pedir desculpa é o mais corajoso. O primeiro a perdoar é o mais forte. E o primeiro a esquecer é o mais feliz”.
Como convidada causou-me estranheza a relutância à aceitação ao pedido de desculpas, partindo do princípio, que todos nós estávamos ali para beber, extravasar, pôr a conversa em dia, e se não temos a tolerância para as  “loucuras” de um porre de alguém, que espécie de pessoas somos?  




sábado, 30 de março de 2013

Saiba como abrir uma empresa na Inglaterra


No link abaixo, o leitor terá em mãos as informações necessárias para abrir uma empresa na Inglaterra.  
Essa matéria foi capa da revista Verbo, de Londres, em 2007. Como o governo tem dado um empurrãozinho nos investimentos, quem sabe aqui não está uma boa ideia para 2013. Boa leitura!

Sônia Pugas - jornalista menstranda em Novas Estratégias de Comunicação, Marketing e Relacões Públicas, Portugal

segunda-feira, 25 de março de 2013

Covilhã - barato para morar e estudar

Covilhã, ao centro complexo da UBI, ao fundo Serra da Estrela


Por Sônia Pugas - jornalista, mestranda em Novas Estratégias de Comunicação - Relações Públicas e Marketing pela UBI, Portuga

Cá estou  em Covilhã, uma pequena cidade portuguesa localizada cerca de  quatro horas ao norte, de Lisboa. Por uma série de conveniências  vim fazer meu  Mestrado  por essas bandas. O custo de vida aqui é acessível,  e na área jornalística a Universidade UBI é a segunda melhor  de Portugal.

Covilhã  é a porta de entrada  da Serra da Estrela – dizem ser o ponto mais  alto das terras portuguesas, e um dos poucos lugares  onde sente-se verdadeiramente a  magia da neve no Inverno.  Vou dividir a cidade em duas partes  – alta e baixa.  A  alta é  extremamente  íngrime:  ladeiras, subidas, morros, escadas, elevadores panorâmicos.  Quem não gosta de andar a pé,  já prepare o bolso para comprar um carro. Super baratinho  - até por R$ 3 mil reais acha um bom em bem conservado.  Há ônibus públicos também, pontuais, porém demoram até uma hora para passar.  Eles são mimosos, parecem  aqueles  carrinhos que vendem  sorvete inglês!

Ruas de Covilhã, a Primavera já aparece  maravilhosamente!
As ruas são bem sinalizadas. Chegar à  Faculdade de Artes e Letras é sempre um tormento. Se for a pé, uma super subida.  Portanto, garrafinha de água é essencial, fones de ouvido também para “diminuir” o percurso. Covilhã é uma  cidade  lindíssima, segura, limpa, ruas arborizadas e uma sensação de poder público presente.  O  custo de vida cabe no bolso de todo mundo, acho. Tudo é muito barato!  A comida dos restaurantes é super apetitosa e variada.  Cafés com internet estão espalhados por todos os cantos. A cerveja é gelada e baratinha e os vinhos, ótimo!

Tenha sempre uma câmera fotográfica em mãos, porque  passará por lugares belos e interessantes. Quase todo dia eu tiro foto de uma roseira – não é um pé normal, e sim uma árvore imensa com rosas. Fica na rua da Faculdade! Há ainda ruínas em toda a cidade. Não sei se  patrimônio público ou particular, mas é lindo de se ver!
FAL - Jardim de acesso à cantina da Engenharia, UBI 

Tenho dificuldades imensas em  fazer amizades por aqui, não me adapto à cultura portuguesa, problema meu, claro.  Os colegas da  faculdade são legais, uns prestativos, outros  alheios.  Os professores  da UBI são maravilhosos e sabem ensinar - por esse ângulo vale muito o sacrifício em morar aqui.  Há poucos lugares para diversão, digo, baladas, e  o cigarrro é permitido em pelo menos  99% deles.  Mesmo sendo uma baladeira assumida,  a nicotina vence a  minha vontade em cair na pista,rs.
ruínas: melancolia e nostalgia 

Todos os sábados as senhoras  se encontram no ponto de ônibus em direção ao mercado central. Já presenciei a cena  várias  vezes.  Acho tão bonitinho! Cada uma mais arrumada e maquiada que a outra.  Fuxicam que é uma beleza!  Parecem conhecer  todo, inclusive na intimidade, rs, típico de cidades pequenas.
Elevador panorâmico, quase 200 degraus 

Já passei muita raiva aqui,  normal quando não estamos em nosso habitat natural,  e por mais que nos esforcemos, entender a dinâmica de um lugar alheio é complicadérrimo.  Aqui então, é complicado e meio. O sistema de saúde é bom e rápido. Esses dias fui atendida por uam enfermeira. Ela me chamou de gorda e disse para eu fazer exercício, pois o meu problema era sedentarismo e comida imprópria. Você aguenta?  Olá dona Regina, essa  é para nossa coleção de pérolas!

Fora pequenos desapontamentos,  não só Covilhã, mas Portugal é um País com paisagens lindíssimas!  Para quem gosta da cultura portuguesa há muito o que fazer e visitar. Não posso falar nada de cultura daqui, pois sou leiga no assunto...É isso, boa leitura, e caso queiram saber mais de Covilhã, mandem perguntas para soniapugas@hotmail.com

 Até breve! :)




terça-feira, 12 de março de 2013

Pesquisadora Ann Gray aponta a necessidade de estudar o papel da mulher nos meios de comunicação


Foto: google imagem/ meramente ilustrativa
O espaço da mulher nos meios de comunicação, principalmente o televisivo, é ainda uma icógnita para   pesquisadores que estudam o assunto. A forma como o grupo feminino é retratado pelos mass midia tem ganhado visibilidade apenas nas últimas quatro décadas, onde uma corrente de pesquisadores de várias partes do mundo dedicam-se ao tema. A informação é da professora da Universidade de Lincoln, Inglaterra, Ann Gray.  Com o tema - em tradução livre, “Atrás das portas fechadas – explorando as dinâmicas dos gêneros no uso da mídia”, a estudiosa trouxe aos estudantes da UBI - Universidade da Beira, dados – ainda não divulgados,  de quase duas décadas da participação da mulher na imprensa inglesa
Para a  pesquisadora, os útlimos 40 anos, no que concerne à atuação das inglesas na televisão britânica resumem-se em contradições, uma vez que pesquisas nessa área sempre foram ignoradas ou não tinham interesse por parte da sociedade ou até de grupos que discutem esse assunto. “Todos nós precisamos levantar a bandeira dessa causa. O campo de pesquisa sobre o tema precisa aumentar em todo o mundo,  mas isso só é possível mediante o empenho conjunto das universidades e estudantes de comunicação social”, alerta.
Uma das novidades citadas por Ann Gray, diz respeito a um documentário apresentado no Reino Unido, em 2004 pela BBC, onde a pesquisadora Janet Thumin, da Universitdade de Warwick, apresenta um perfil do papel das britânicas na televisão, entre os anos de 1947 a 1989. “Inventando a Cultura televisiva”, o documentário mostra ao púbico o formato dos programas nesse período de 42 anos, bem como os avanços dos mesmos e de como eles retratavam as  mulher tanto do ponto de vista de participação nos programas, ou como mera telespectadoras.
 Esse documentário, assim como as linhas de investigação diversas têm apontado a um  cenário “animador”, embora tímido e embrionário. “Os estudos nos dão uma ideia das possibilidades futuras, pois nos estimula a questões por categorias de grupos, nos encorajam a buscar o significado de como a mulher era retratada naquela época e nos tempos atuais”, aponta Gray.
Essas linhas de pesquisa na opinião de Ann Gray devem obedecer a conhecimentos úteis  e acadêmicos, categorizando por  métodos e flexibilidade, questões teóricas e por categorias. “Precisamos identificar a raiz do probema, entender o que a mídia representa para as mulheres no seu dia a dia e defendê-las de um uso errado de uma possível manipulação midiática”. Frisa.
Ann Gray, entende que o assunto é  complexo e depende do interesse coletivo de pesquisadores. Para atacar o problema faz-se necessário primeiramente obter-se respostas por meio de um questionário intelectual, passando por grupos de mídia, formação da ala feminista, espaço doméstico, invenção de novos métodos, entre outros. A televisão merece um estudo especial e particular no que tange ao de gênero mulher, segundo a pesquisadora.
Para ela, a comunicacação de massa baseia-se na ideologia de empresas privadas e estatais,  situação que dificulta a separação dos estudos do “espaço mulher” na televisão dos da cultura popular de massa.   
Para Ann Gray,  esses estudos são de grande valia e contribuição aos futuros profissionais da área midiática, e um legado a quem estudará esses assuntos. “Entender o limite do espaço feminino nos meios de comunicação é uma batalha que todos nós devemos lutar, e requer dedicação e pesquisa. Precisamos reiventar os métodos, conhecer a história das mulheres, como elas foram contadas e de que forma. A partir dos resultados dessas pesquisas, aí sim reiventaremos as formas  e contribuiremos para o que chamaremos de ‘o que é uma história de vida´ “, idealiza.  
A palestra da estudiosa, é parte do  círculo de conferências do projeto, memória e recepção midiática, realizado pelo coordenador de projetos do Labcom, professor/doutor, José Ricardo Cavalheiro.
Além de Ann Gray, os organizadores trouxeram outros conferencistas como Jérôme Bourdon -  Telaviv University,  Carolyn Birdsall - Amsterdam University, Cristina Ponte  - Universidade Nova de Lisboa, Irena Reifová - Charles University Prague, Cláudia Álvares - Universidade Lusófona de Lisboa, Catarina Valdigem - Goldsmith College  e Verónica da Policarpo Universidade.
O encontro aconteceu nos dias 28 de Fevereio e 1 de março, na FAL – Faculdade de Artes e Letras. 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Falemos de filme... O Escafandro e a Borboleta

Por Sônia Pugas - Jornalista e mestranda em Marketing e Relações Públicas

 “Quem sou eu? Saindo de um frasco de formol?”. Essa seria uma frase comum não fosse pelo fato de seu autor não reconhecer-se diante da própria imagem refletida no espelho. Após três semanas em coma,  Jean-Dominique Bauby,  redator-chefe da revista francesa Elle,  aos 42 anos teve um AVC – Acidente Vascular Cerebral. Dono de uma carreira bem-sucedida, o Don Juan entre as mulheres não colecionou nenhuma derrota em sua vida pessoal ou profissional. Dessas surpresas que a vida nos presenteia, num passe de mágica,  Dominique é  homem prisioneiro do próprio corpo – síndrome do “lock-in”.

Em o Escafandro e a Borboleta, o diretor Julian Schnabel empresta a sua  sensibilidade ao penetrar no intrigante, obscuro/curioso mundo do AVC. É  por meio de uma câmera “colocada” no olho esquerdo de Jean-Dominique – personagem principal,  que o telescpecator literalmente acompanha a evolução dele  sob este ângulo. Uma cirúrgia no olho direito é precisa e igualmente impactante, pois não há como deixarmos de ser Dominique por alguns minutos. A partir dessa cena,  o raio de alcance de visão do personagem  é apenas até onde o olho alcança. 


Foi desta forma que Dominique acordou para o mundo: em memórias e pensamentos, numa cama de um hospital naval, cercado por médicos e enfermeiras, estes dispostos a  investir seus conhecimentos e técnicas e até realizar experimentos provenientes da desgraça do jornalista.

A primeira piscadela de Jean-Dominique já é um convite ao telespectador a questioanar-se:"o que eu faria numa situação dessas? Mas como fazê-lo pois não posso falar e nem ser ouvido?" 

Schnabel foi sensato em apostar na voz em off do personagem principal e da forma como o filme nos foi apresentado.  É  pela perspectiva de como Dominique observa o mundo à sua volta, que o telespectador imediatamente coloca-se no lugar dele. Preso no escafandro mas  consciente do mundo exterior,  Dominique sabe que,  o que o mantêm vivo são as memórias e a imaginação.

É no esforço médico da fonaudióloga Henriete que o personagem deposita a solução para o problema. A profissional é dedicada e  sente-se envaidecida em desenvolver o método da “fala pelos olhos” e “reinventando” o alfabeto frânces. Uma piscada de olhos para “sim”, duas para “não”. Já na primeira oportunidade, ele  usa da racionalidade e faz um pedido. Esta talvez seja uma das cenas mais fortes do filme.

Jean-Dominique surpreende-se com a reação de Henriete, e entende que existem duas opções a seu favor: entregar-se ou ir  à luta. E é  a partir dessa vontade de dar asas à borboleta que o filme alcança o seu clímax. Passada a fase de “aceitação”, ele nos dá um puxão de orelha ao decidir escrever um livro de memórias que intitula o nome do filme.  

Entre páginas escritas e divagações, Dominique mostra a sua vida antes de tornar-se prisioneiro do próprio corpo. Boa parte do filme é narrado em Frânces pela voz grave e suave do personagem. Uma fórmula ótima de torná-lo mais interessante e menos cansativo. O  sarcasmo exacerbado é nítido em muitos pontos do monólogo. O diretor mostra um personagem humano porém sem auto-piedade. Jean é alguém que ri da própria desgraça. Senso de humor e arrogância são temperos excelentes que deram uma pitada ao script. Embora fiel a ele, a ex-esposa sofre com a lascividade do mesmo. Pois ninguém melhor que ela, para entender o que aquele olho muitas vezes tenta dizer. A raiva e inoperância são evidentes quando fala da  impotência diante de uma mosca pousada no próprio nariz, ou ao irritar-se com o amigo Laurence por não saber como lidar com ele. “Idiota”, diz.

A fotografia do Escafandro e a Borboleta soma-se à magia do roteiro. O polonês Janusz Kaminski não economizou imaginação apresentando cenários maravilhosos com recursos de câmera vista pelo olho esquerdo de Jean. Às vezes paisagens embaçadas, outras vezes borradas, turvas, mas  igualmente belas. É na praia onde a borboleta sai do casulo e sente-se mais inspirada para narrar passagens do livro.  É nela onde Dominique lembra-se de coisas simples da vida que foram esquecidas nos tempos agitados de editor,  como aproveitar o  Dia dos Pais com os seus filhos, e lembrar-se da convivência com o próprio pai.
            
O Escafandro e a Borboleta não é apenas um filme. É uma lição de vida, de superação, amor,  de doação, de paciência, de entender, de aceitar e respeitar. O filme faz o seu papel primário que é o de transformar de forma positiva quem o assiste. Superação é o que resume a mensagem principal narrada de forma esplêndida pelos olhos de Jean-Dominique Bauby.

Ficha Técnica

Ator Principal : Mathieu Amalric
Diretor:  Julian Schanabel
Fotografia: Janusz Kaminski
Fotos: Google Imagem


quinta-feira, 9 de agosto de 2012