
Sou inquieta, questionadora, odeio rotinas e amo mudanças, principalmente as radicais. Sempre quis deixar o Brasil e vivenciar culturas diferentes. Pensei em ir para Honolulu, Havai, mas quem eu conhecia naquele local cortou logo o meu “tesão” e me desanimou. Um dia acordei com uma ideia fixa de morar em Londres. O porquê? Nem eu sei. Apronfundei em pesquisas, e encontrei referências que combinavam com o meu espírito livre, aberto, como:
“Londres é a esquina do mundo, o local onde tudo acontece, o mundo está em Londres”.
Identifiquei-me principalmente com “a esquina do mundo”.
Pronto. Londres, a Capital da Inglaterra. Cidade de aproximadamente 6mi de habitantes. Lugar onde além da Língua inglesa, cerca de 100 outros idiomas são falados por indivíduos vindos de todas as partes do planeta. E o que é melhor: trazem consigo suas culturas e incorporam à pulsante Londres. Aqui, você pode ser o que exatemente é. Seja apenas! O ser não é detrimento do ter. Seja homossexual, heterossexual, metrosexual, assexuado, evangélico, gótico, ateu, católico, seja o que você quiser ser! Você está em Londres! 
Mas até sentir, entender e aceitar naturalmente todo esse leque de informações leva-se um tempo. Moro aqui há cinco anos. Ao chegar na Inglaterra não conhecia absolutamente ninguém e para completar o quadro não falava inglês, nem o básico. A vontade incontrolável de deixar o Brasil fez de mim um ser forte, destemível. E estava tão focada em meus projetos, que só dei conta de que eu estava no Reino Unido ao descer do avião.

Mas até sentir, entender e aceitar naturalmente todo esse leque de informações leva-se um tempo. Moro aqui há cinco anos. Ao chegar na Inglaterra não conhecia absolutamente ninguém e para completar o quadro não falava inglês, nem o básico. A vontade incontrolável de deixar o Brasil fez de mim um ser forte, destemível. E estava tão focada em meus projetos, que só dei conta de que eu estava no Reino Unido ao descer do avião.
Essa foi uma das primeiras fotos que tirei em Londres
Ao desembarcar foi aquele choque. Sentei num banco e chorei copiosamente. Não havia ninguém ali para me recepcionar, para receber uma ligação “ei estou aqui no aeroporto”. Minha lágrima alheia aos passageiros que iam e viam em todas as direções. Após muito custo fiz ser entendida por uma assistente da qual queria comprar um cartão.
Tive dois problemas em um: não sabia ler as instruções do cartão e muito menos usar o telefone público. Só queria morrer, mais nada. Sentei nas imediações dos telefones e percebi que um rapaz falava espanhol, foi ele quem me socorreu.
Um “amigo” do Orkut se prontificou a ir me buscar, mas só podia chegar após três horas. Concordei, lógico! Estava cansada, tonta, com fome, com sede e triste. Saudades de quem deixei, dos que amava.
Finalmente cheguei à casa da qual paguei aluguel por duas semanas.
Eram 13 pessoas ao total, das quais dois brasileiros. Fizeram uma festa para me recepcionar, disseram, porém que era à inglesa. Um dos ocupantes desce a escada fazendo uma performance para mim. Era drag queen nas noites londrinas. A fotógrafa canadense, enquanto mostrava seu trabalho para mim, beijava namorada na boca escandalosamente. Na cozinha rolava uma conversa louca e todo mundo fumando maconha, cheirando cocaína. Perguntaram se podiam me chamar de “crazy frog”, apesar de não fazer ideia do que fosse “sapo louco”, consenti.
Após muita loucura, contrastes, choques de realidade, fui dormir cabisbaixa, intropesctiva. Eu ali, nascendo na “esquina do mundo”, aos 29 anos, surda, muda, totalmente órfã, e sem ter a mínima noção por onde e como começar...
Só me lembro do Rafa dizendo: “Se prepara tocantinse, Londres não é para qualquer um”, com apenas um dia, eu já tinha a certeza disso...
Tive dois problemas em um: não sabia ler as instruções do cartão e muito menos usar o telefone público. Só queria morrer, mais nada. Sentei nas imediações dos telefones e percebi que um rapaz falava espanhol, foi ele quem me socorreu.
Um “amigo” do Orkut se prontificou a ir me buscar, mas só podia chegar após três horas. Concordei, lógico! Estava cansada, tonta, com fome, com sede e triste. Saudades de quem deixei, dos que amava.
Finalmente cheguei à casa da qual paguei aluguel por duas semanas.
Após muita loucura, contrastes, choques de realidade, fui dormir cabisbaixa, intropesctiva. Eu ali, nascendo na “esquina do mundo”, aos 29 anos, surda, muda, totalmente órfã, e sem ter a mínima noção por onde e como começar...
Só me lembro do Rafa dizendo: “Se prepara tocantinse, Londres não é para qualquer um”, com apenas um dia, eu já tinha a certeza disso...
Foto 1 - Num pub assim que cheguei do Brasil
Foto 2 - Andando pelas ruas londrinas
Foto 3 - Sem inglês o jeito é se juntar aos produtos de limpeza
Até a próxima!
Belo depoimento! Quero ler muitos outras histórias de brasileiros que acreditou nas possibilidades... O mundo não tem porteiras... Bom domingo. Beijinhos doce!
ResponderExcluirLeide
ASSIM COMO EU, TENHO CERTEZA QUE NESTES CINCO ANOS AJUDOU MUITOS TOCANTINENSES QUE SE AVENTURARAM EM CONHECER A INGLATERRA. POR ISSO, DEIXO DE PÚBLICO, MEUS SINCEROS E ETERNOS AGRADECIMENTOS POR TER IDO CONHECER A ESQUINA DO MUNDO. VOCÊ É 10!
ResponderExcluirÂNGELA
Nossa! Apesar de ser uma viajante e errante de carteirinha, não deixo de emocionar com depoimentos como este.
ResponderExcluirSônia, apesar de termos nos falado mto pouco na época da UFT, sempre vi em vc uma pessoa de mta luz. Parabéns pela ATITUDE. Sucesso sempre!