Daqui a pouco será o enterro do Ricardo, meu sobrinho de 19 anos, morto ontem, 16 de Setembro num acidente de carro. Minha família encontra-se toda reunida em Palmas, e eu na Inglaterra ainda a ficha por cair..
Eu com sobrinhos na Feira do Livro, ao centro camiseta vermelha, Ricardo |
Digamos que sou até um pouco acostumada a perder pessoas – irmãos, amigos, tios, avôs...Mas para cada perda, uma reação diferente. Sinto-me anestesiada do quadril para baixo. A cabeça funciona, mas as outras partes do corpo estão doloridas, com dificuldades de locomoção...
O Ricardo sempre foi uma criança especial com problemas mais especiais ainda. Aventureiro por opção, provocativo por execelência,brigão por natureza, exímio trabalhador e turrão com colegas de trabalho e patrões. Sem limites, eu sempre-o dizia que ele era a Lei!
Como uma observadora do comportamento controverso do meu sobrinho, algo me dizia que o mesmo partiria cedo por algum motivo. A hora chegou. A hora em que alguém vai embora para sempre e junto a esse alguém as interrogações costumazes. Achei cedo demais. Mas ele foi, e além da minha dor e impotência não sei o que fazer, falar ou como agir....
Desde ontem tenho pensando nele com carinho. E também pensei o que eu poderia ter feito de diferente antes de sua partida. Minha consciência não permite que eu julgue a mim mesma. Sempre fui presente na vida dele, e da irmã Aline. Apenas na semana passada pensei em ligar para ele, e não o fiz. Este o agravante maior. Meu coração está em paz em saber que não fiz nada de errado enquanto ele viveu e isso me incentiva mais a doar e mostrar o meu apreço pelas pessoas que tenho cuidado e gosto.
Ricardo ao lado da vovo Deuzina sendo observado pela mae e amigos |
Fazendo palhacada com o cabelo da prima |
Antes de vir para a Inglaterra fui especialmente a Goiânia passear com ele e a irmã.. Fomos ao shopping, comemos, compramos presentes, e no dia seguinte divertíamos num churrasco na casa da Vera, uma amiga de longas datas....
Às vezes que voltei ao Brasil de férias sempre o via e levava presentes a ele. No ano passado minha mãe fez uma festa de aniversário para comemorar os seus18 anos de vida! Foi ótimo, emocionante. Ele chorou muito, sentiu-se querido, prestigiado, amado por todos.
Ele tinha um complexo horrível de inferioridade, talvez isso justificasse um pouco da sua conduta desregrada e rebeldia.
Ele era louco por um volante desde cedo. Aos 12 anos, escondido de todo mundo, pegou meu carro semi-novo, um corsa Sedan sem nunca ter dirigo na vida e quase cometeu um acidente grave. Todo mundo ficou perplexo com a audácia dele. Tínhamos de ser sempre vigilantes, uma chave qualquer na ignição era motivo mais que suficiente para ele sair à espreita e dirgir. Ele não tinha limite nesse quesito e muito menos medo.
Na madrugada de sua morte, ele estava dirigindo um caminhão entre Palmas a Goiânia. Não sei nada além disso - do acidente que o vitimou. Ele tinha CNH, mas acredito que não para dirigir carro desse porte. O motorista legal estava dormingo na hora que aconteceu o acidente. Como não viu nada tem apenas a culpa atormentando o juizo por ter cedido talvez a um pedido insistente do Ricardo.
Ricardo era engraçado, infarento às vezes – só queria chamar atenção, rico, pegador de mulheres, como ele mesmo se definia. Meu sobrinho foi embora hoje e uma dor incomoda todo o meu ser. A impotência diante da morte é cruel de se sentir…Isso sim é impotência!!!!
Na hora exata do enterro estarei aqui com pensamentos positivos pensando nele. O meu coração já se ocupa das boas memórias e dos momentos marcantes que passamos juntos…e como falo de impotência eu realmente não posso fazer nada a não ser sentir, sentir e sentir…..e ter a certeza de que a vida precisa ser obrigatoriamente vivida e dividida com quem vale a pena…pois a única certeza que temos é a da morte.
Familia reunida numa tarde bacana, todos ouvindo as baboseiras e contos de Ricardo. Dencanse em Paz! |
Te amo, “Kadinho”.
Tia Sônia.
Q DEUS CONFORTE A TODOS VCS SONIA,BJS THAYS TELES (PALMAS-TO)
ResponderExcluirSonia, as pessoas especiais não morrem, continuam conosco... Assim como o meu sobrinho, que também se chamava Ricardo, e que morreu com 22 anos, continuará presente imortalizado por meio da sua alegria, o Ricardo de vocês também estará presente, sempre que seu sorriso e a sua alegria forem lembrados. Você foi importante na vida dele, tenho certeza que foi. Fizestes o que foi possível fazer por ele, fique tranquila, deu pra perceber o quanto fostes presente. Guarde os bons momentos no seu coração, isso amenizará a sua dor. Força e paz! Forte abraço.
ResponderExcluirQuerida amiga, dizer mais o quê ? Você já disse tudo.
ResponderExcluirSeria um maneira de consolo dizer-lhe que perdi meu primeiro filho, e que hoje a dor se transformou em uma bonita e consoladora saudade ?
Beijo no coração.
Ninguém sabe as razões de viver ou morrer, de quando morrer e quando sobreviver. Mas a qualidade do tempo vivido juntos faz mais doce a tristeza da saudade.
ResponderExcluirBeijão, ulemá
Amiga, tudo aqui e passageiro, todos nos viemos a este mundo com uma missao.Seu sobrinho a cumpriu com excelencia e partiu.Restaram todas as lindas lemrancas das suas acoes e tudo que ele ensinou por aqui na sua passagem. Ele com certeza ja foi acolhido em paz nos bracos dos entes queridos que la estao.A dor entao permanace porque nao e facil entender isso tudo.Um grande abraco.Roberta
ResponderExcluirMeus pêsames, Sônia... Que alma dele descanse em paz e que a Santíssima alivie seu coração e da sua família... Cada ser é único em nossos corações, pense que ele tinha ânsia de voar mais alto e sua alma ousou mais do que muitos de nós.
ResponderExcluirSoninha, todo o meu carinho e amizade pra vc nesse momento doloroso e todo o meu desejo de bençãos sem fim para o Ricardo que encontrou a luz divina! Que Deus o tenha e que vc e sua família possam ser envolvidos com muita força e superação.
ResponderExcluirTe amo muito!!
Teste, tuto e um teste!
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