sábado, 17 de setembro de 2011

A Ricardo, com amor!

Daqui a pouco será o enterro do Ricardo, meu sobrinho de 19 anos, morto ontem, 16 de Setembro num acidente de carro. Minha família encontra-se toda reunida em Palmas, e eu na Inglaterra ainda a ficha por cair..

Eu com sobrinhos na Feira do Livro, ao centro camiseta vermelha, Ricardo
Digamos que sou até um pouco acostumada a perder pessoas – irmãos, amigos, tios, avôs...Mas para cada perda, uma reação diferente. Sinto-me anestesiada do quadril para baixo. A cabeça funciona, mas as outras partes do corpo estão doloridas, com dificuldades de locomoção...

 O Ricardo sempre  foi uma criança especial com problemas mais especiais ainda. Aventureiro por opção, provocativo por execelência,brigão por natureza, exímio trabalhador e turrão com colegas de trabalho e patrões. Sem limites, eu sempre-o dizia que ele era a Lei!

Como uma observadora do comportamento controverso do meu sobrinho, algo me dizia que o mesmo partiria cedo por algum motivo. A hora chegou. A hora em que alguém vai embora para sempre e junto a esse alguém as interrogações costumazes.  Achei cedo demais. Mas ele foi, e além da minha dor e impotência  não sei o que fazer, falar ou como agir....

Desde ontem tenho pensando nele com carinho. E também pensei o que eu poderia ter feito de diferente antes de sua partida. Minha consciência não permite que eu julgue a mim mesma. Sempre fui presente na vida dele, e da irmã Aline. Apenas na semana passada pensei em ligar para ele, e não o fiz. Este o agravante maior. Meu coração está em paz em saber que não fiz nada de errado enquanto ele viveu e isso me incentiva mais a doar e mostrar o meu apreço pelas pessoas que tenho cuidado e gosto.

Ricardo ao lado da  vovo Deuzina sendo observado pela mae e amigos
Fazendo palhacada com o cabelo da prima
Antes de vir para  a Inglaterra fui especialmente a Goiânia passear com ele e a irmã.. Fomos ao shopping, comemos, compramos presentes, e no dia seguinte  divertíamos  num churrasco na casa da Vera, uma amiga de longas datas....

Às vezes que voltei ao Brasil de férias sempre o via e levava presentes a ele. No ano passado minha mãe fez uma festa de aniversário para comemorar os  seus18 anos de vida! Foi ótimo, emocionante. Ele chorou muito, sentiu-se querido, prestigiado, amado por todos.  

Ele tinha um complexo horrível de inferioridade, talvez isso justificasse um pouco da sua conduta desregrada e rebeldia.
Ele era louco por um volante desde cedo. Aos 12 anos, escondido de todo mundo, pegou meu carro semi-novo, um corsa Sedan sem nunca ter dirigo na vida e quase cometeu um acidente grave. Todo mundo ficou perplexo com a audácia dele. Tínhamos de ser sempre vigilantes, uma chave qualquer na ignição era motivo  mais que suficiente para ele sair à espreita e dirgir.  Ele não tinha limite nesse quesito e muito menos medo.


Na madrugada de sua morte, ele estava dirigindo um caminhão entre Palmas a Goiânia. Não sei nada além disso - do acidente que o vitimou.  Ele tinha CNH, mas acredito que não para dirigir carro desse porte. O motorista  legal estava dormingo na hora que aconteceu o acidente. Como não viu nada tem apenas a culpa atormentando o juizo por ter cedido talvez a  um pedido insistente do Ricardo.
Ricardo, eu, Martyn, a irma Aline e a mamae Santina, 2010


Ricardo era engraçado, infarento às vezes – só queria chamar atenção, rico, pegador de mulheres, como ele mesmo se definia. Meu sobrinho  foi embora hoje e uma dor incomoda todo o meu ser. A impotência diante da morte é cruel de se sentir…Isso sim é impotência!!!!

Na hora exata do enterro estarei aqui com pensamentos positivos pensando nele. O meu coração já se ocupa das boas memórias e dos momentos marcantes que passamos juntos…e como falo de impotência eu realmente não posso fazer nada a não ser sentir, sentir e sentir…..e ter a certeza de que a vida precisa ser obrigatoriamente vivida e dividida com quem vale a pena…pois a única certeza que temos é a da morte.

Familia reunida numa tarde bacana, todos  ouvindo as baboseiras  e contos de Ricardo. Dencanse em Paz!
Te amo, “Kadinho”.

Tia Sônia.







8 comentários:

  1. Q DEUS CONFORTE A TODOS VCS SONIA,BJS THAYS TELES (PALMAS-TO)

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  2. Sonia, as pessoas especiais não morrem, continuam conosco... Assim como o meu sobrinho, que também se chamava Ricardo, e que morreu com 22 anos, continuará presente imortalizado por meio da sua alegria, o Ricardo de vocês também estará presente, sempre que seu sorriso e a sua alegria forem lembrados. Você foi importante na vida dele, tenho certeza que foi. Fizestes o que foi possível fazer por ele, fique tranquila, deu pra perceber o quanto fostes presente. Guarde os bons momentos no seu coração, isso amenizará a sua dor. Força e paz! Forte abraço.

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  3. Querida amiga, dizer mais o quê ? Você já disse tudo.
    Seria um maneira de consolo dizer-lhe que perdi meu primeiro filho, e que hoje a dor se transformou em uma bonita e consoladora saudade ?
    Beijo no coração.

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  4. Ninguém sabe as razões de viver ou morrer, de quando morrer e quando sobreviver. Mas a qualidade do tempo vivido juntos faz mais doce a tristeza da saudade.

    Beijão, ulemá

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  5. Amiga, tudo aqui e passageiro, todos nos viemos a este mundo com uma missao.Seu sobrinho a cumpriu com excelencia e partiu.Restaram todas as lindas lemrancas das suas acoes e tudo que ele ensinou por aqui na sua passagem. Ele com certeza ja foi acolhido em paz nos bracos dos entes queridos que la estao.A dor entao permanace porque nao e facil entender isso tudo.Um grande abraco.Roberta

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  6. Meus pêsames, Sônia... Que alma dele descanse em paz e que a Santíssima alivie seu coração e da sua família... Cada ser é único em nossos corações, pense que ele tinha ânsia de voar mais alto e sua alma ousou mais do que muitos de nós.

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  7. Soninha, todo o meu carinho e amizade pra vc nesse momento doloroso e todo o meu desejo de bençãos sem fim para o Ricardo que encontrou a luz divina! Que Deus o tenha e que vc e sua família possam ser envolvidos com muita força e superação.
    Te amo muito!!

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